Parabéns, você tem um novo sócio.
Ele não colocou um centavo no negócio, não assumiu riscos, não criou empregos e não participou da gestão.
Mas exige uma fatia do seu lucro — além de tudo o que já levava antes.
O nome dele? Estado brasileiro.
Esse sócio “invisível” já consome boa parte do que você produz:
- Impostos embutidos em cada nota fiscal,
- Encargos sobre salários,
- Tarifas escondidas em energia, água, internet, combustível, sistemas e até na depreciação de máquinas.
E, como se não bastasse, agora quer também uma parcela dos dividendos — justamente aquilo que sobra depois de pagar todas as contas e impostos.
A falsa justiça fiscal
A narrativa é sedutora: “vamos cobrar dos ricos para aliviar os mais pobres”.
Mas a realidade é bem diferente.
O texto da lei abre brechas que permitem que os muito ricos escapem facilmente da tributação. Com uma boa equipe de advogados e contadores, eles criam holdings, fundos exclusivos, transferem patrimônio para estruturas no exterior ou reorganizam os negócios de forma 100% legal.
No fim, quem paga a conta é justamente quem mais sustenta a economia real:
o empresário médio, o investidor comum, o pequeno empreendedor.
Ou seja: o alvo não é quem tem muito, é quem não tem como se proteger.
Um Estado que arrecada, mas não se organiza
Nos últimos anos, o Brasil bateu recordes de arrecadação. Nunca entrou tanto dinheiro nos cofres públicos.
Mesmo assim, o país continua gastando mais do que arrecada:
R$ 1,616 trilhão em despesas contra R$ 1,27 trilhão em receitas.
Não é falta de receita, é falta de gestão.
É como uma família que ganha bem, mas gasta como se fosse milionária — e, quando falta dinheiro, culpa terceiros em vez de rever hábitos.
O atalho mais fácil
Taxar dividendos é a solução simples de quem não quer enfrentar o problema real: cortar desperdícios e rever privilégios.
É como pintar a parede com mofo sem tratar a infiltração. Resolve no curto prazo, mas a mancha volta maior depois.
Enquanto isso, os incentivos vão na direção errada.
Quem pensa em expandir hesita.
Quem pode, leva capital para fora.
Quem não pode, reduz ambição.
O erro de tratar lucro como pecado
Lucro não é privilégio.
Lucro é o resultado de quem arrisca, trabalha, investe e paga a conta primeiro.
Tributar dividendos significa cobrar duas vezes de quem já sustenta a roda da economia.
Não se trata de proteger os mais pobres — isso é fundamental e deve existir.
O problema é transformar quem produz em vilão.
É premiar a ineficiência e punir o mérito.
A consequência inevitável
Quando o governo sinaliza que sucesso será penalizado, manda a mensagem mais perigosa possível:
“cresça menos, produza menos, arrisque menos.”
E em um país onde já temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, milhões de pessoas sem escolaridade básica e produtividade estagnada, essa mentalidade só reforça o atraso.
No fim, a pergunta não é “quem vai pagar a conta”.
A pergunta é:
quem ainda vai topar abrir conta por aqui?